sexta-feira, 12 de novembro de 2021

O inconversável

 


Conversar sobre o inconversável é abrir as entranhas existenciais e descobrir que todos temos as mesmas dores, todos sofremos as mesmas perdas, todos já passamos por fases que pareciam nos devorar, dilemas que pareciam intransponíveis, feridas que pareciam mortais e muito mais... 


Quando nos fechamos em nós mesmos achamos que todas as mazelas do mundo só acontecem conosco e tudo aquilo que vemos nas redes sociais dos outros, as conquistas, realizações, sonhos, sorrisos não são dignos de serem nossos, só os outros possuem. As fotos de redes sociais são no mínimo mentirosas ou omissas, porque as fotos escondem parte da realidade, por isso só quando nos abrimos com alguém é que descobrimos que todos somos iguais, independente das fotos publicadas, todos sofremos igualmente.

Quando tomamos coragem para conversar sobre o inconversável, é como se um mundo de peso saísse das nossas costas, não porque resolvemos nosso problema, pelo contrário, nosso problema continua lá existindo, mas compartilhamos da solidariedade e da experiência que temos, aprendemos com o outro assim como o outro aprende conosco e só de ter essa troca de aprendizados já é um enorme alívio. Não é que eu queira que todos tenham problemas, mas é que quando nos aproximamos do problema do outro nos sentimos mais humanos, menos condicionados a correr em busca de resultados e assumir posturas de liderança ou segurança quando não estamos seguros de nós mesmos.

É verdade! As pessoas choram no banheiro, sentem as pressões da sociedade, gritam e se não aliviam isso, o corpo sente e nos avisa sobre o que precisamos fazer. Por isso consultórios andam cheios de gente que busca soluções tardias e remédios que curem anos em doses cavalares diárias que levam ao sono. Talvez chorar no banheiro, gritar, se isolar ou simplesmente escrever seja uma ponte ou uma porta para levar ao autoconhecimento, por isso, devemos nos abrir de nossas armaduras em alguns momentos, conversar o inconversável e descobrir que somos perfeitamente normais, apesar de tudo. 

O que não tem remédio, remediado está? Conversemos o inconversável!

Pedro Garrido


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