terça-feira, 9 de maio de 2023

No Escurinho do Cinema

Ao falar de Rita Lee várias músicas merecem ser lembradas, mas uma que me toca em especial é esta. Além de ser uma música que tocava e meus pais cantavam quando eu era criança, me traz forte memória afetiva da adolescência.


Quem nunca levou ao cinema aquela pessoa que gostava e queria paquerar e começar o relacionamento ou alguém que já tinha começado a namorar e queria dar uns beijinhos entre uma cena ou outra do filme? Confesso! Sou réu e admito que sempre fiz isso. Kkkkk. Era no escurinho do cinema que o clima esquentava, o medo de ser pego pelo guardinha, a ansiedade de dar o primeiro beijo, era tudo novo na juventude e era uma tremenda aventura quando os amassos aconteciam, coisa de adolescente talvez, mas era muito bom passar pela sensação da conquista daquela paquera (hoje crush) e de ser conquistado também, óbvio...


Eu lembro que a primeira vez que eu fui ao cinema foi aos 16 anos, um pouco tardiamente talvez, mas foi dessa forma, com a namorada que havia conhecido no curso de informática do Henrique Lage. Seria não só a minha primeira vez no cinema, mas a dela também, não se sabia se fazia frio ou não, se levava casaco ou não, nossos estranhos pais se preparavam e preocupavam com coisas desnecessárias talvez. Enfim... Fomos ao cinema e tudo correu normal, em meio a risadas e conversas rolou o beijo e assistimos ao filme. Se me perguntar o nome do filme eu não vou lembrar, mas garanto que assistimos até o fim.


E assim foi desde então. Quando queria levar alguém para dar uns beijos, era no cinema que eu levava. Algumas vezes ficando sós na sala de cinema, outras vezes levando um fora no primeiro encontro e aquele se tornava o último, e também já quase fui expulso da sala pelo guardinha, ou para comemorar o namoro e beijava com pipoca e refri. 


O tempo passa, a idade vai chegando e muitas vezes eu fui ao cinema sozinho, só para ver o filme mesmo, sem mais a ideia de levar para o escurinho, apenas pela diversão, distração. A memória afetiva é algo tão forte na vida da gente que a letra de uma música pode representar muito mais que uma experiência, mas transmuta sensações como se elas tivessem acabado de acontecer. Lembrar disso é muito bom, é parte da nossa trilha sonora da vida. Rita Lee fez parte de nosso repertório musical e memórias afetivas merecem estar na lembrança mesmo que hoje a gente ria e ache quase tudo da nossa adolescência meio tosco. Mas confesso, tenho alguma saudade das aventuras de uns bons beijos "no Escurinho do Cinema"...


Bons tempos.


Pedro Garrido

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