sábado, 11 de julho de 2020

Dark

Dark

(Alerta: Contém spoiler)

Era tudo sobre o amor e sobre a ausência dele. Era tudo sobre luz e escuridão, sobre o quanto somos capazes de nós entregarmos por uma causa maior ou só olharmos nos nossos umbigos, causas e efeitos, motivações, tudo que nos leva a escolher a luz ou a escuridão, isso é Dark.

Até onde somos capazes de abrir mão de um amor por algo maior? Será que somos capazes de abrir mão de nossos mundos e de nossas existências em troca de nossa própria inexistibilidade? Ou somos egoístas ao ponto de usarmos pessoas para uma finalidade sem fim, permanecer mantendo mundos doentes para que estejamos frente a frente com um amor impossível, indo e voltando no tempo para que a geração seguinte do próprio eu se mantenha seguindo o mesmo destino egoísta de amar e odiar, para que no fim termine de novo e de novo da mesma forma.

Tudo fora do amor é escuridão, tudo fora da luz é trevas, tudo que nos negamos a abrir mão em prol de algo infinitamente maior é mesquinho. Dark nos ensina isso em suas 3 temporadas, nos faz voltar inúmeras vezes ao futuro, conhecer outras épocas e mundos em busca de uma solução que não vem, um desejo tão forte por amor que torna todo o restante mera peça em um jogo, onde terminando igual, nada pode mudar no ciclo seguinte e todos acreditam que com isso terão sucesso em sua nova empreitada, mas se enganam profundamente e com isso carregam marcas físicas e mentais notáveis, como se todo o ciclo fosse necessário para se manter dois mundos unidos, dois mundos que nunca deveriam ter existido, assim se vive e morre inúmeras vezes na busca de um paraíso que naquele mundo não pode existir e de um inferno que é constante na vida de cada um que tenta consertar os erros do passado, criando alternativas para o futuro.

É tudo sobre o amor e sobre o que o amor é capaz de fazer. O amor é paciente, benevolente, o amor sabe esperar, o amor tudo suporta, mas o amor é capaz de renunciar a existência de seu próprio mundo? Esse é o segredo do amor verdadeiro, ele vai onde a paixão não consegue ir, ele se doa onde as pessoas só buscam receber, ele se entrega a uma cruz quando se é o próprio Deus, o amor tudo suporta e se legítima quando se faz um sacrifício por uma causa maior.

Dark fala de uma forma diferente sobre o amor, ele usa todos os elementos humanos, desejos, sentimentos, vontades, angústias e coloca tudo misturado com ficção científica, viagens no tempo, máquinas surreais, e com isso nos leva a uma viagem muito maior, nos leva a fazer a reflexão do quão egoístas somos ao lidar com nossos próprios pesos. Nós mesmos faríamos as mesmas coisas se tivéssemos a possibilidade de mudar os rumos das nossas vidas, só que uma lição fica com essa série. Não se pode viver o novo tentando mudar o antigo, ou se vive o hoje, ou não se vive nunca mais. Ou abrimos mão de nós mesmos e da existência por um amor que vai além do nosso alcance ou só sobreviveremos com a escuridão, a escuridão das decisões erradas, a escuridão da manipulação e do egoísmo, no fim nada muda, porque fizemos tudo exatamente igual, perpetuando os mesmos fracassos porque não enxergamos o que realmente precisamos mudar em nosso próprio mundo.

Na série existem 3 possibilidades, 3 mundos, 3 versões das mesmas pessoas o tempo todo e todos fazendo tudo igual na expectativa de alcançar um resultado diferente, mas na vida só existe uma escolha, uma versão de si mesmo, um só mundo, então ame e se entregue ao amor, viva o presente, não procure por possibilidades que nunca existiram e nunca vão existir.

O começo é o fim e o fim é o começo.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Fraqueza

A verdade é que por mais forte que possamos parecer, temos fragilidades que escondemos para que possamos parecer melhores nos nossos espelhos mentais. Nem sempre somos seguros de nós, não somos completamente maduros em muitas áreas da nossa vida, mas seguimos tentando melhorar a cada dia, por mais que nossas fraquezas gritem em dizer que somos piores do que acreditamos.

Somos seres em construção, é natural que guardemos um pouco de nós por um ato de autopreservação, não somos os piores seres do mundo quando acreditamos ser por causa das vozes alheias, na verdade, as vozes alheias também escondem muitas incapacidades e para que isso também seja escondido vivem de atacar a fragilidade do outro para se sentirem melhores do que realmente são.

Qual a solução? Aceitar as próprias fragilidades e trabalhar para que mesmo frágeis possamos ser fortes no que somos, reconhecendo a necessidade constante de transformação e buscando meios de se aprimorar naquilo que ainda não está pronto ou que não se teve oportunidade de ser melhor até então.

No convívio com outras pessoas, sempre vão surgir questionamentos sobre nossas próprias capacidades, mas não somos o outro, somos nós, seres únicos, dotados de personalidade e individualidade, e muitas vezes vamos nos confrontar com os mais próximos por causa dessa individualidade, buscando liberdade para exercer de forma autônoma o nosso próprio eu ou tentando nos blindar de influências negativas que possam acabar nos permeando, parecendo algumas vezes que somos carrascos para o outro ou para nós mesmos.

Não estamos mascarados de boas intenções, as boas intenções estão em nós, mas muitas vezes as situações de confronto nos fazem imaginar que não somos merecedores de ter a paz que sonhamos para o nosso eu. Não duvidemos de que somos bons por causa dos momentos ruins que acabam nos pegando de surpresa em nossa vida.