sábado, 24 de novembro de 2018

Terra à vista!

Só quem já conheceu a profundidade dos mares sombrios é capaz de compreender o bater das ondas superficiais com perfeição. Só quem já viveu um dilema existencial, uma perda, uma dor, a profundidade de uma lágrima derramada em meio a tantas outras, só pessoas que conheceram as próprias trevas de seus oceanos profundos, são capazes de compreender em um olhar, o remexer de uma pequena onda que quebra na areia da praia, a alma do próprio navegante, o exterior de quem vive uma intensa viagem interior.

Só quem conhece a profundidade dos mares, é capaz de compreender a vastidão dos muitos desérticos no caminho, de se deliciar com longínquos oásis e florestas intocadas, de perceber a neve e valorizar a gota de chuva tropical, se abrir para o passar da brisa, se proteger da tempestade e se preparar para o furacão quase inesperado.

Quando compreendemos um pouco do nosso mundo interior, o que pode parecer difícil de lidar por vezes, somos capazes de ter a empatia necessária para lidar com outros mundos aparentemente inacessíveis, alguns quase mortais, outros completamente fechados e nos surpreendermos com paisagens futuristas no meio da expedição e no meio disso tudo encontramos os meios de explorar e melhorar o meio em que nos encontramos, as ferramentas para desenvolver parcerias e criar um universo inteiro com o que aprendemos em nossos descobrimentos.

Nosso mundo está em constante descoberta, expansão, construção e renascimento, agregamos vales e montanhas de afastamentos, colisões, movimentos das mais internas placas tectônicas emocionais, impactos vindos de diferentes regiões do universo, extinção e ressureição de partes do nosso eu interior, a vida em efervescência, novos continentes podem acabar nos surpreendendo e gerando uma nova rota para a face mais íntima de um grande personagem principal, do maior personagem que a nossa vida já viu.

Terra à vista!

A conversa suprema

Eu estou em busca de conversas não triviais, que transcendam os níveis considerados intelectuais, que possuam momentos de epifanias e culminem em uma possível teofania, numa viagem ao terceiro céu, que possivelmente quebre o espaço e o tempo enquanto não se acabarem as palavras e que o uso de palavras seja tal desnecessário que não haja transliteração ou tradução para o que tiver sido dito ou revelado ali, tamanho o peso e relevância dos assuntos tratados.

O que eu quero é tão maior que a metafísica, que qualquer coisa que eu tente nomear a Isso é inalcançável, inviável e uma afronta a existência suprema da criação. Qualquer coisa abaixo disso é mera oralidade, mero acaso formal de linguagem humana, estipulação e comparação do que não conhecemos pelo pouco exemplo que temos do que conhecemos, eu não quero ouvir dizer, eu não quero saber de outros, eu quero estar lá.

Eu quero estar na primeira dança, na dança primordial da criação, observando o princípio das luzes, vendo a formação das estrelas, observando admirado cada ato de amor divino, cada suprema ação do Eu Sou, cada beijo apaixonado do amado pelo objeto desejado. Eu quero ser desfeito e refeito, purificado e reabilitado, quebrado, moído e moldado, eu quero abandonar a carcaça da lagarta e ver a imortalidade da qual fomos preparados para receber.

Depois de tudo isso, eu quero apenas suspirar e dizer feliz! Obrigado por tudo!

domingo, 11 de novembro de 2018

Padrões, escolhas, riquezas e amor.

Todos nós ultimamente temos constantemente aplicado um padrão exagerado de escolhas, com exigências muitas vezes acima das nossas expectativas e proporções, fechando nosso mundo para novas pessoas e oportunidades, reduzindo nosso horizonte ao que é palpável e visível, por medo do que não somos capazes de prever mais a frente.

Muitas vezes isso acontece por ser fruto de decepções anteriores, falo de mim, mas falo não só por mim, só deixo isso claro porque, na minha visão, hoje vivemos nessa sociedade que exige perfeição e estipula padrões que muitas vezes são questionáveis, aliado a isso temos uma parte da mesma sociedade que busca sair do padrão, mas que também acaba exigindo do outro, não uma aceitação do que ela é, e sim uma nova padronização inquestionável do que elas decidiram ser, ou seja, não podemos questionar essa nova escolha, pois foram machucadas pelos padrões atuais de sucesso e beleza, e agora que conseguem ser ouvidas, não estabelecem diálogo entre o que acham que são e o que realmente querem ser.

O que eu quero dizer com isso é que, mesmo que alguém diferente daquilo que você e eu esperamos se aproxime de nós com algum interesse pelo que nós somos, não devemos olhar com o martelo julgador do juízo final, determinando que aquela pessoa não é a melhor para nosso convívio, sem ao menos conhecer o universo no qual ela está inserida, suas necessidades e ansiedades, suas vitórias e méritos que levaram ela a ser quem ela provavelmente é hoje.

Toda rejeição ao outro, ao diferente, pode ser fruto do medo da própria rejeição já sofrida anteriormente e todos nós já passamos por algum momento em que não fomos escolhidos, não exatamente rejeitados, e tivemos que aprender a lidar com a experiência, seja ela amorosa, em uma entrevista de emprego, numa partida de futebol entre amigos, que apesar de frustrante, tem que nos motivar a melhorar para nós mesmos nossas próprias qualidades e suprimir muitas vezes alguma inabilidade emocional que nos priva de enxergar a realidade de quem somos.

O que todos nós temos que enxergar nisso tudo é que sendo gordos ou magros, pobres ou ricos, de direita ou esquerda, baixos ou altos, com ou sem sobrancelha, somos universalmente merecedores da capacidade de amar ao próximo, começando por amar quem somos, independente da escolha do outro, e mesmo que o outro não nos escolha isso não deve fazer com que nos olhemos menos merecedores de amor e não deve afetar nossa capacidade de amar ao próximo.

Tudo que temos dentro de nós, nossos valores e ideais, nossa moralidade, nossa consciência de existência nesse mundo não deve ser suprimida jamais por aqueles que não aprenderam a amar, portanto, o conselho que fica é: Que possamos explorar o nosso mundo com tanto entusiasmo que ao descobrirmos riquezas dentro de nossas minas existenciais, possamos também incentivar todo o restante a enxergar e buscar as riquezas que muitos nos disseram ser mentiras. Ao contrário do que muitos fazem hoje, não exija aceitação do seu padrão por todos os outros, se aceite primeiro como você é e só assim será capaz de aceitar quem é diferente de você.

Abram-se as portas e as janelas do seu mundo, deixe a luz entrar que a escuridão há de sair!