quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Raízes

Não adianta de nada você ter raízes teoricamente profundas se o local onde você foi plantado impossibilita seu crescimento.

Pense assim: Você é plantado na calçada de uma rua movimentada, de um lado tem casas, em cima fios de alta tensão, do outro lado a rua, você pode até crescer, mas chega um momento que o seu crescimento pode incomodar...

Você foi plantado no terreno certo, só que no ambiente errado e com isso acaba sendo podado, desconstruido e fica limitado ao pouco espaço que lhe deram, então passa a acreditar que seu crescimento é uma doença, então não se alimenta mais dos nutrientes do solo e tudo que resta são suas crenças de que você era pra ser exatamente daquele tamanho que te disseram.



O problema não são suas raízes serem profundas, mas a crença de que seu crescimento é ruim, quando seus ideais são podados a ponto de você se limitar ao espaço de um canteiro, se privando de produzir os frutos pelo qual você nasceu para produzir, apenas gerando folhas fracas e flores que não desabrocham, não sendo nem referencial para os que passam nem visível para os que o circundam.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Histórias

O que há de se dizer sobre as histórias? A gente até tenta ter uma parecida com a de alguém, mas são as nossas experiências que nos levam onde precisamos ir. Não há como controlar as experiências que os outros precisam viver, apenas deixar o tempo seguir seu curso e deixar viver cada um o que é necessário ser vivido.

Não podemos controlar o curso das águas, nem o rumo da poeira estelar que nos compõe, cada um é feito de matéria, esperança e poesia. Cada qual precisa ter sua própria marca na vida, seu próprio lugar no universo, sua própria fábula, conto de fadas ou qualquer género em que se acredite viver, até que se prove o contrário, viver é o ato de escrever um livro com os próprios pés, pois as palavras são visitadas com o passar dos olhos, descritas em papéis, porém são os passos que damos no mundo, seja ele interior ou exterior, que demarcam as fronteiras que vão descrever o nosso mapa existencial.

Nossos pés escrevem pegadas na areia, entre o apagar das ondas na beira do mar e o caos do buraco negro de nossas mentes, tudo respira a criação e os recomeços.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Pela metade

Pessoas curadas curam pessoas, curam porque sabem como chegaram até lá e como saíram do estado que estiveram. Pessoas machucadas, no máximo trocam curativos, talvez até evitem que a ferida aumente, mas não são capazes de curar outra pessoa da mesma dor, elas não sabem sair do labirinto em que se encontram. É como se um guia turístico te levasse à metade do caminho proposto porque nunca conseguiu chegar ao fim do caminho, ou porque nunca terminou o curso e não foi devidamente capacitado, ou porque tem medo de desbravar um novo caminho.

Enquanto você não se curar, você estará tão perdido quanto o guia turístico que não sabe por onde anda, o historiador que não conhece a própria história, o médico que nunca curou a própria doença.

Não adianta levar o mapa do tesouro se não souber reconhecer o "x" da questão, não adianta ter olhos e não querer enxergar as pedras no caminho, não adianta estar em um hospital e não querer ser curado da própria mazela, não adianta fugir de si mesmo nos braços de alguém que também já fugiu tanto que não reconhece mesmo o calor de um abraço de verdade.

Só o amor cura de verdade, toda cura pela metade não passa de ilusão, não passa de comprimido de placebo, não passa de um atestado falso de saúde, não passa de uma trilha pela zona confortável e conhecida da alma, não passa de um quadro na parede de um lugar que nunca tentou descobrir se era um quadro ou uma janela, um diploma de uma vida de mentira, uma nota de dinheiro pela metade.

Uma cura pela metade nunca será cura, no máximo alívio, no mínimo uma loucura.