sexta-feira, 15 de novembro de 2019

O Reencontro (Parte 2)

Naquela altura, no calor do momento, parecia que tínhamos assinado um tratado de paz, um armistício onde nenhum dos lados atacaria ou defenderia, o momento da bandeira branca hasteada, onde nos entregaríamos um ao outro, sem sabermos quem era colônia ou colonizado, numa espécie de guerra interiorizada. Harmonicamente soubemos um no abraço do outro, senti o corpo dela relaxar e nossos corações pulsavam como nunca tínhamos sentido antes, nossos olhos fechados se entŕegaram ao calor que emanava dos nossos corpos e a minha mão tocou a cintura dela, pele com pele, por onde a blusa tinha deixado um espaço aberto.

Sentir novamente minhas mãos passando pelo corpo dela, ainda que delicadamente, dava vontade de ir em frente, reconhecer como um viajante cada parte do corpo dela, mas me segurei e apertando o abraço, minhas mãos se entrelaçavam enquanto o mundo ao redor ritmava em outra velocidade e após alguns suspiros parecia que estávamos sintonizados em uma onda de rádio que só nós sabíamos qual era.

Naquele momento parecia difícil negar a vontade de estarmos juntos, minhas mãos acariciaram seus longos cabelos, sua nuca e seu rosto, como se nunca estivéssemos separados, levando a quase compreender o que se daria ali, naquele momento de quase paixão... Quase, porque como se tivéssemos levado um choque, a realidade voltou bruscamente em nossas memórias, e como um raio tudo mudou. Aquele longo ou rápido abraço cheio de detalhes acabou, temendo e tremendo nos soltamos, nos afastamos um do outro, não sei se centímetros, quilômetros, ou anos luz, mas a distância se tornou notável. Cada um com seu grito no peito, sua lágrima no olho e o perfume do outro na roupa. Escapamos um do outro, mas será que queríamos?

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